Sérgio Gibim Ortéga
O besouro, coitado, não vive a sonhar,
Rola bosta o dia inteiro, sem nunca parar.
Com esforço danado, suor de inseto,
Faz do esterco sua vida, seu lar, seu afeto.
Rola bosta o dia inteiro, sem nunca parar.
Com esforço danado, suor de inseto,
Faz do esterco sua vida, seu lar, seu afeto.
Empurra a esfera, tão firme e valente,
Com força que espanta qualquer outro ente.
Mas me pergunto, olhando a cena:
Pra onde ele leva essa bola pequena?
É seu tesouro, seu pão de cada dia,
Seu lar, sua arte, sua melodia.
Que vida danada, de luta e poeira,
Profissão suja, mas verdadeira.
Enquanto nós rimos, sem muito pensar,
Ele ensina em silêncio o que é trabalhar.
Na bosta do mundo, o bichinho resiste...
Talvez seja ele o timista mais triste.
[23-4-2025]
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