VOTUPORANGA-SP / MARÇO DE 2024
RESPONSÁVEL: Sérgio Gibim Ortega
CONTATO: poetagibim@hotmail.com

terça-feira, 19 de julho de 2022

O CRIADOR


          Sérgio Gibim Ortéga

Eu penso que morrer
É voltar a estaca zero,
É zerar o gravador.
É voltar no tempo
Do jeito de antes
Aonde não sentires nada,
E volta a ser um nada.
A não ser os sonhos,
Como um flash
Que vai vem.
Para não ter medo
De dormir e não acordar.
Quando zerar a memória
Vamos ser outras vidas
Sem se recordar
Que aqui estivemos.
Cada um, cada momento.
O papel deste planeta
Ser incrível Terra,
Matéria reciclável
Que faz milagres,
O Deus Criador
Da Terra, do Céu
Do fogo e da água.

GOVERNO

               Sérgio Gibim Ortéga

Um governo
Que não faz nada
Só crítica os pobres.
Outro governo
que ajudou
A pobres, muitos que
Tiveram a sorte 
De ser benefíciado
E por isso o reconhece
A situação em questão
Estado em que
se encontra.
Esquerda e direita
Que brigam sem motivo
Perdendo amizades.
A disputa de um governo
Que vai ou racha.
A discórdia, a ganância.
Quem reinará...?
E quem fará...?
Quem passa fome
E ainda não reconhece
Aquele que governa
Para os ricos
Que despreza pobres.
A ignorância sempre
Vence aquele
Que à procura.
Até mesmo quem 
Passa fome
E não sabe o que quer,
E ainda vive de chacota
Mesmo indo a falência,
Prefere a ignorância.
Na verdade o destino
Está nas mãos de Deus.

TEREZA

                 Sérgio Gibim Ortega


     Trabalhando como montador de móveis, conhecia tristes histórias.
      Um dia ao estar numa das cidades na profissão, numa residência para montar um guarda-roupa, quando uma moça ao abrir a porta, ao ver este montador que chegara para montar seu móvel, de repente esta mulher se pois a chorar.
      Ao saber o motivo.  Disse ela:
      - “Moço!” - Estou chorando porque não vou mais montar este móvel. Ia me casar. Tive uma briga com meu noivo. E nos separamos. Ganhei este guarda-roupa do meu noivo e o pior de tudo, ele agora se encontra numa cirurgia. Esta entre a vida e a morte.
      Ela chorava com medo da separação. E pior de tudo, chorava com medo da sua morte, por estar adoentado e ainda se encontrava numa cirurgia.
      Naquele dia não cheguei de montar seu guarda roupa.
      Ela disse ainda:
      - “Seu moço!”- Ore para ele e pra que ele sobreviva!
      Dias depois, fiquei sabendo que o seu noivo havia falecido. Nunca mais a vi. E o guarda-roupa não foi montado.
      
      Um dia estive em outra cidade. Peguei outra pessoa aos prantos. Uma moça jovem que também chorava muito. Ela estava com um bebê novinho nos braços, e disse:
      - “Seu moço!” - O meu marido acaba de ser morto lá na outra cidade em que estivemos. Saiu para ir a padaria comprar cigarros. Foi assaltado e levou uma punhalada de leve, mas não resistiu e faleceu. O ladrão fugiu. Meu marido acaba de ser enterrado. E fiquei com essa criancinha, este fruto do nosso amor. Montei o guarda-roupa, enquanto aquela jovem chorava desesperadamente o tempo todo.
      Durante os dois casos, pouco pude fazer para dar o meu apoio ou palavras de conforto. Apesar de poeta, minhas palavras não saiam. Sentia a dor de ver aquelas pessoas sofrerem.
      Foram tantas histórias tristes pelos caminhos encontrados, do tempo em que fui montador de moveis. Mas uma história me marcou tanto a de Tereza.
      Tereza, uma cabelereira, mulher lutadora e guerreira na vida.
      Ao instalar uma cozinha na parede, ela sempre chamava o seu filho único que tinha para sua opinião. O jovem e aquele seu filho único era toda alegria que Tereza tinha. O filho estava noivo, rapaz muito educado, ia se casar.
      Após instalar a cozinha na parede. Disse Tereza:
      -“Gostei muito do seu trabalho!”- Se quiser cortar o seu cabelo, não cobrarei nada por isso. Sente-se ali na cadeira e cortarei pra você de presente, pelo trabalho que me prestou.       Precisando mesmo de cortar, decidi aceitar a gentileza de Tereza. Sentei -me naquela cadeira, onde Tereza, uma ótima cabelereira cortou o meu cabelo do jeito que eu gostava. Ela era tão caprichosa e tinha grande freguesia no bairro.
Conversa vai... Conversa vem... Tereza contou me sua história de vida:
      -“Sou uma mulher sofrida e batalhadora” - Tive um marido que era matador de aluguel. Ele matava pessoas na minha frente. Tinha uma naturareza muito ruim. Sofri muito nas mãos daquele homem. Só não largava dele por medo que ele me matasse também. Esse único filho que tenho. É dele, que é tudo de bom que me restou na vida. Nós nos separamos na hora certa, quando tive uma chance de não morrer nas mãos dele. Ele era um carrasco. Tudo que ele tinha de ruim, esse meu filho tem de bom. Este ex-marido era também cabelereiro. Pois ele cortava cabelo com o revolver na cintura.
      Tereza era bonita, alegre e tristonha. E homem nenhum  bulia com ela. Uma cantada, a navalha já estava no pescoço. Cabelereira séria e não tinha como duvidar dessa triste história que ela contava ter vivido. E quando a gente não queria acreditar, notava a sua seriedade, o seu jeito de mulher séria, e suas conquistas. Não tinha como negar o que ela passou.
      E assim fiquei conhecendo melhor Tereza. Quando precisava cortar meu cabelo, recorria ao seu salão e pagava pra ela. Ela chegou de conhecer minha esposa, e cortou o cabelo do meu filho também.
       Um dia estive no salão e Tereza disse:
      -“Quase perdi meu filho” - Uma doença terrível e má, inexplicável. Ele emagreceu tanto. Foi por Deus que consegui salvar meu filho.
       Foi últimas palavras que tive de Tereza.
       Um tempo passou, meu cabelo cresceu e demorei de voltar ao salão. Demorei pra voltar ao salão de Tereza por uns dois meses aproximadamente.
      O tempo passa depressa, foi quando um dia pensei de ir lá. Juntamente com minha esposa, resolvi passar no seu salão em sua residência.
Ao chegar, notei o salão de Tereza vazio, e nada de flores, ou qualquer objeto na frente da casa, nada na frente que indicava que ela ainda morasse ali. Notei que Tereza não morava mesmo mais ali. E já veio em minha mente o pior de tudo, o que eu não queria acreditar.
      Não podia eu acreditar naquela mulher guerreira, forte e feliz cheio de esperança de ainda vencer. Como ter ido embora tão de repente, com tantos fregueses que ela tinha. Então, perguntei a um dos vizinhos, que disse:
      - “Você não ficou sabendo?”. O Filho dela morreu e ela foi-se embora daqui.
      Foi muito triste de saber que o único filho que Tereza tinha daquela triste história em que ela sempre me contara. E tudo se acabou para ela. O jovem que estava noivo e que ia se casar, acabou falecendo por uma triste doença inexplicável, e que não me recordo no momento. Veio-me em minha mente, que nessa vida não somos nada mesmo.
      Tantas histórias vividas como um montador de móveis e que algumas me emocionaram, mas nenhuma marcou como a história de Tereza.

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