Sérgio Gibim Ortéga
Sabe... no começo,
eu só queria o dinheiro.
Eu nem fingia que era diferente.
Achei que bastava sorrir,
levar um chá, escutar umas histórias
antigas e esperar...
Esperar que ela fosse embora
e deixasse algo pra mim.
Mas o tempo com a vovó...
ele me desmontou.
No silêncio dela,
eu ouvi mais do que em
qualquer aula...
No olhar cansado,
vi um mundo inteiro
que nunca tinha prestado atenção.
E em cada suspiro,
entendi que ela não precisava
de um neto interesseiro.
Ela só queria alguém ali, de verdade.
Ela me ensinou a lavar arroz
do jeito certo.
A escolher manga pelo cheiro.
A dizer “obrigado” sem parecer
que é obrigação.
E me ensinou o mais difícil:
cuidar de alguém
sem esperar nada em troca.
Hoje, se eu pudesse escolher,
eu preferia mais uma tarde
com ela ao invés de qualquer herança.
Porque, no fim das contas,
o que a gente leva…
não é o que os outros
deixam pra gente.
É o que a gente se torna
por causa deles.
E por ela… eu me tornei
alguém que ama de verdade
[23-04-2025]
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