A Vida Nos Persegue
Para Chano e Takeu
Sérgio Gibim Ortéga
A vida nos persegue em círculos sutis,
feito sombra no fim da tarde,
feito rastro de estrela no breu.
Às vezes parte, às vezes finge que parte,
mas volta em outros olhos,
noutros passos, noutra pele, noutro miado.
Chano, saudade que mia nos meus dias,
parece que foste... mas nunca foste.
Te sinto no silêncio da casa,
na penugem do sol sobre o sofá,
no ronronar que mora na lembrança.
Talvez a vida te devolva um dia,
em outra forma,
em outro amor que pula em meu colo sem aviso.
E Takeu, meu carijó doce,
partiste enquanto eu te afagava,
teus olhos se apagando
no meu toque que queria te prender ao mundo.
Mas talvez ali, naquela despedida,
um elo se fez eterno —
e quem sabe voltas, disfarçado de sonho,
de brisa ou de outro felino,
pra ser de novo meu companheiro.
A vida nos persegue, é verdade.
Mas também nos reencontra.
Na forma de um ronronar conhecido,
de um olhar que nos reconhece sem saber por quê.
E assim seguimos:
carregando as vidas que amamos,
e sendo por elas carregados,
em cada renascimento de amor.
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