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domingo, 27 de setembro de 2009

Pessoas vendem vagas nas filas dos PASs

a Redação
Noite fria e chuvosa na madrugada da última quinta-feira e sexta-feira - a reportagem do jornal A Cidade percorreu seis das oito Unidades Básicas de Saúde de Votuporanga para investigar a denúncia feita pelos vereadores Mehde Meidão Slaiman Kanso e José Antonio Pereira dos Santos - Colinha durante a sessão da Câmara na última segunda-feira. Os vereadores alertaram para a possível venda de vagas nas filas dos postos de saúde. A primeira parada foi o posto de saúde "Dr. Danilo Alberto V. Medeiros", na Vila América. Por volta das 23h30 dois homens já aguardavam na entrada da unidade. Para pernoitar na fila, eles levam colchões e cobertores e ficam à espera da abertura do posto, às 7 da manhã. Sem que soubessem da gravação perguntamos a um dos moradores como é feita a venda de guias nas madrugadas. Sem se identificar o senhor indica um rapaz que mora próximo ao bairro e faz o serviço rotineiramente. Outro senhor que dormia ao lado acordou no momento da conversa e se ofereceu para ficar na fila em troca do pagamento de R$ 20. "Se vocês quiserem eu fico, mas hoje as vagas já acabaram, só consigo pegar para a sexta-feira", diz. O agenciador pergunta se já temos cadastro na unidade e pede alguns documentos para que o processo seja feito. "Eu pego a guia e faço o seu cadastro se precisar. Só preciso de comprovante de residência e RG", afirma. Não aceitamos a proposta e deixamos a unidade. Na saída uma mulher aparece e pergunta se também passaremos a noite na fila. Em seguida ela se oferece cobrando o mesmo valor que o outro tinha pedido, R$ 20. A mulher diz ainda que faz isso com frequência e nos mostra sua casa caso precisássemos do serviço mais vezes. "Moro sozinha, filha. É melhor fazer isto do que trabalhar de faxineira para ganhar R$ 40 por dia". Apesar de participar do esquema de venda de vagas ela se indigna e diz que não acha justa a forma como as pessoas são tratadas nos postos de saúde. "Eu fico revoltada, acho que existem muitas formas se resolver esta situação. É um descaso com os moradores, que precisam do serviço público e não podem pagar", diz. A próxima parada foi o posto "Jerônimo Figueira da Costa Neto", no Jardim Marim. À meia noite e meia encontramos uma mulher, sozinha, dormindo na porta da unidade. A reportagem acordou a mulher. Ela diz que estava lá desde as 23h20 da noite. "Hoje é um dia tranquilo, por causa dessa chuva e do tempo frio muita gente não vem. Houve dia que às 22 horas as vagas já tinham se esgotado", diz. Perguntamos a ela sobre o esquema de venda de vagas, caso não pudéssemos ficar na fila. A mulher se prontifica em buscar um rapaz, que mora a algumas quadras do posto para negociar a compra. "Ele sempre faz isso, mas ultimamente as atendentes começaram a desconfiar", alerta. Ela explica que mesmo que alguém fique na fila precisaremos chegar um pouco antes da consulta. "O rapaz não pega a guia. Só fica na fila até vocês chegarem", diz. A mulher se oferece para ir buscar o menino. Alguns minutos depois eles chegam e o menino aceita ficar na fila, também por R$ 20. "Deu problemas duas vezes. Se as funcionárias verem o esquema, você não retira a guia", explica o rapaz. Passamos ainda pelo posto "Dr. Walter Eleutério Rodrigues", no São Cosme, mas lá ainda não havia fila.(Colaboraram: Cibeli Moretti e Andressa Aoki)
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