Sérgio Gibim Ortega
Aos homens sem imaginar que sou um sobrevivendo,
e vivo minha vida a dar amor...
Sempre darei proteção ao meu dono,
Tenho em troca apenas o alimento pra matar a minha fome.
Não durmo as noites, estou sempre a vigiar ao meu dono.
Esperando carinho, e às vezes sou chutado...
E às vezes defendo o meu patrão com unhas e dentes.
Se eu vir alguém maltratá-lo.
Não sou culpado por um enxame de mosquitos
Quando ao me deitar eles venham me picar.
Sofro com as pulgas também, e carrapatos.
Mas, quando alguém se dedica a mim de verdade,
Com remédios e perfumes,
as vezes me furando com uma agulha,
e sinto-me melhor,
assim tenho animo para prosseguir mais a luta adiante,
sempre que alguém me cuida...
Mais chegou um dia dois estranhos, e me furaram com uma
agulha,
E depois de certo tempo vi o meu dono triste.
Sem saber o que estava acontecendo, fui colocado.
Preso uma gaiola dentro de um veículo.
Não vi mais meu dono e comecei a ficar com saudades,
e com medo, enquanto meu dono acenava um adeus.
Do lugar em que deixei, onde pessoas brincavam comigo,
E nas horas melhores que tinha minha alimentação,
Tenho saudades, e aqui estou dentro de uma gaiola preso,
e junto comigo Vejo outros amigos que saem da gaiola,
e seguem para um campo de concentração.
E às vezes imagino que seria um filme chamado
“A Lista de Schindler”, esse salvador não vou ter.
Só que estou escalado mesmo na câmara de gás.
Tristemente acho que não vou ver mais o meu dono.
Hoje chegou o meu dia, e estão me levando para algum
lugar.
Fizeram-me entrar em um grande tambor escuro.
A um cheiro insuportável de gás que está me sufocando,
E estou ficando muito zonzo sem aguentar mais respirar.
Acho que vou dormir, meu sonho é acordar na casa de meu
dono.
Não consigo respirar e a minha mente, meu pescoço, meu
peito
Sufocado agora, e como um zunido no ouvido,
Não ouço mais barulho algum e não sei de nada do que está
acontecendo.
Acho que a última palavra dita foi que sou apenas um
cachorro,
E uma palavra que
sempre ouvi desconhecida “LEISHMANIOSE”.
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