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terça-feira, 5 de abril de 2011

DIREITO À VIDA SEM VIOLÊNCIA

José Faria Nunes

Democracia não é dar a uns o direito de colocar em risco a vida de outros.
Urge o momento de se rever a legislação brasileira que trata do assunto "bebida alcoólica", tanto em termos de publicidade quanto da permissão de se invadir vias públicas, de forma ostensiva, estimulando mais e mais o consumo de bebidas alcoólicas. Legislação tanto de âmbito nacional, como estaduais e municipais.
À noite, principalmente em finais de semana, existem trechos de calçadas de ruas, avenidas ou praças, literalmente invadidas com mesas, não só propiciando mas, acima de tudo, estimulando ao vício jovens e adultos.
Assim como se fez e se está fazendo com relação ao tabagismo, que se faça também com o alcoolismo: proibição de propaganda, restrição dos locais de consumo, proibição aos órgãos públicos de distribuir bebidas alcoólicas em forma de confraternização em visitas de autoridades ou em eventos; proibição a entidades de natureza pública (ONGs, entidades filantrópicas, escolas, etc) de distribuir, ou permitir que se distribua, bebidas alcoólicas, em quaisquer que sejam suas formas, como brindes ou em forma de arrecadar recursos para suas ações, mesmo que beneficentes.
São alarmantes as estatísticas de acidentes de trânsito por causa de o condutor do veículo ter ingerido bebida alcoólica. O motorista alcoolizado põe em risco a própria vida e a vida de terceiros que nada tem a ver com sua direção perigosa em função do consumo do álcool.
De que adiantas os empresários do setor"alcoolígeno" serem generosos em campanhas filantrópicas, se estão contribuindo para aumentar as mazelas da sociedade? Vale dizer que o alcoolismo potencializa não só a violência no trânsito mas também a violência doméstica, ou também outras formas de violência, aumentando a possibilidade de crimes. Ou, pelo menos, falsamente justificando atitudes deploráveis. São muitos os exemplos: "eu fiz isso porque tinha bebido"; "meu filho fez isso porque tinha bebido".
Propaga-se pelo Brasil afora que a saúde de muitos brasileiros vai mal. Os órgãos e profissionais de saúdem não atendem satisfatoriamente. E isso é verdade. Mas é verdade também que milhares de pacientes que procuram os hospitais, o fazem em decorrência da violência, seja no trânsito, seja doméstica ou social em geral, mais das vezes em decorrência da ingestão de bebida alcoólica.
"Ah!, mas a venda de bebida gera muito imposto para os cofres públicos", defendem alguns. E outros, que se beneficiam do lucro da venda de bebidas: "Ah!, restringir a venda de bebida é tirar o emprego de muita gente, é falir muitos bares ou outras casas do gênero".
Creio que, em sã consciência, ninguém se deixa sensibilizar com tais argumentos. Devemos nos sensibilizar, sim, quando uma esposa está chorando porque perdeu o marido por causa da violência no trânsito.
Devemos nos sensibilizar, sim, quando uma mãe perde um filho pelas mesmas causas; ou o filho perde o pai em tais circunstâncias. E o mais revoltante é que, em muitos casos, a vítima não contribuiu para o mórbido fato.
Onde está a responsabilidade das autoridades diante de tais acontecimentos?
Onde está a responsabilidade dos legisladores que não produzem uma legislação que defenda, de fato e de direito, a vida dos brasileiros? Será que os votos para suas reeleições são mais importantes do que a vida do ser humano? Ou será que as condolências nos velórios, ou o assistêncialismo em situações de tragédias dessa natureza, será que isso compensa para suas consciências os votos que recebem por se "aparentarem humanos, bonzinhos, caridoso"?
Onde está a responsabilidade dos dirigentes de órgãos e entidades filantrópicas e/ou de assistência social que promovem e estimulam tais vícios? Em muitas igrejas e outras entidades se condena o aborto mas se aceita - até promovem em suas festas - a venda desregrada de bebida alcoólica, mesmo sabendo que o alcoolismo é contra a vida.
"Ah! O beber socialmente nenhum mal faz", argumentam muitos. Nos sites de relacionamento, por exemplo, muitas pessoas fazem questão de declarar que "bebem socialmente", como se isso fosse motivo de júbilo.
A questão é mais complexa do que parece. Nada tem a ver com questões religiosas, mas sim, com a vida humana, com a paz social, com a felicidade. Qual a pessoa que se sente feliz diante de um fato trágico que fere ou até ceifa a vida da pessoa que diz gostar ou amar?
Necessário se faz um repensar urgente de nossas práticas de vida, em benefício, inclusive, dos alcoolatras. Ou dos que ingerem "socialmente" a bebida.
Se se cidadão quer beber, que beba, mas respeite a vida dos outros e a sua própria vida. Que tenha mais parcimónia, mais responsabilidade, mais domínio próprio em suas atitudes.
A pessoa que já é vítima do vício, que tome consciência do fato. Que procure tratamento. Procure casas que tratam desse mal.
Ou, pelo menos, se você sabe que se descontrola com o copo na mão, evite os ambientes que você sabe que lá está o vilão.
O pior é que, quase sempre, muitos alcoolatras negam o fato. No caso do trânsito muitos dizem que, se beber alguns goles, até dirigem melhor. A verdade é outra, perdem tanto os reflexos que nem percebem os riscos.
Tenho consciência de que a questão é complexa, pois muitos ganham com isso. Até os consumidores "sociais" ou não.
Entendo que, acima de tudo, deve estar o DIREITO À VIDA SEM VIOLÊNCIA

Texto de José Faria Nunes
Jornalista e escritor, cônsul dos Poetas Del Mundo de Goiás.

COLABOROU SÉRGIO GIBIM ORTEGA (CÔNSUL DE POETAS DEL MUNDO VOTUPORANGA)

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