VOTUPORANGA-SP / MARÇO DE 2024
RESPONSÁVEL: Sérgio Gibim Ortega
CONTATO: poetagibim@hotmail.com

quinta-feira, 15 de abril de 2010

UMA REALIDADE DO HOSPITAL SANTA CATARINA DE VOTUPORANGA

Sérgio Gibim Ortega


Às 10h30min do dia 16 de setembro de 1991 fui internado no hospital Santa Catarina, nesta cidade de Votuporanga-SP.
Tinha 23 anos de minha idade e foi a minha primeira vez que fiquei internado em um hospital para tratamento do intestino solto. Assim foi o diagnóstico dado pelo médico.
Tudo aconteceu por livre espontânea vontade. Eu mesmo procurei o médico já pela segunda vez, se da primeira vez ele não tinha acertado o meu problema. E foi então que ele me encaminhou para o hospital Santa Catarina, localizado este na Rua Santa Catarina desta cidade.
Não gostei da hospitalidade deste hospital e por isso escrevo para falar da verdade a todos, sobre esta experiência passada. Assim como os outros pacientes e amigos daquele momento, também não gostaram. Na verdade foi uma agonia. Uma e verdadeira experiência ruim e que muitos passam por isto também.
Ao chegar na recepcionista. Ela pediu-me para que eu me dirigisse por um corredor até aos fundos daquele hospital. Levei também comigo as papeladas da internação e entregando para uma das enfermeiras, disse-me ela, para ficar num dos quartos, ali próximo de um dos balcões, onde ela estava naquele momento.
Fiquei então ali num quarto de numero 26. Eu estava apenas com as minhas roupas do corpo.
E já ali sem poder sair daquele quarto, fiquei no aguardo então, para que a minha família viesse trazer minhas roupas.
Depois de alguns minutos, já comecei a tomar soro e alguns comprimidos que me deram.
Continuei ali sem a minha troca de roupas. E naquele momento eu precisava dar um telefonema, para que a minha namorada avisasse então a minha família, para que me trouxessem as minhas roupas. Mas, tomando o soro, ficava meio difícil de usar o telefone. Era uma desculpa muito boa para as enfermeiras... Enfermeiras que estavam me dificultando e não me deixavam telefonar, sendo que ali tinha um telefone muito próximo num dos balcões. O telefone que ali estava era para ajudar os pacientes. Havia enfermeiras e enfermeiros também. Mas não queriam nos deixar usar o telefone. Eles falavam para nós que era pra usar então o telefone lá da recepcionista da frente do hospital. Era apenas uma desculpa a mais, porque, se estávamos a tomar soro. É claro que não podíamos ir então até a frente na recepção.
Sem mais nada a fazer então, fiquei ali no aguardo de minhas roupas, esperando que minha família adivinhasse que eu estava internado. Acabei dormindo com aquelas roupas mesmo e tomando ainda o soro a noite toda.
Confesso que com o suor, acabei ficando todo molhado e não consegui dormir a noite.
Graças a Deus no outro dia, bem cedo, minha família trouxe-me as minhas roupas, para que eu pudesse então ficar um pouco mais a vontade. Trouxe-me também uma toalha de banho.
Eles nos colocavam o soro descuidadamente que sentíamos a agulha entrar doendo muito. Ali os pacientes é que tinham que se cuidar. Quando acabava um vidro de soro, tínhamos que avisar logo as enfermeiras para trocar. Ao contrario, quando o frasco se esvaziasse, o sangue das veias voltava para o frasco. Tinha ali um senhor que se chamava Sô Antônio. Ele foi atender um telefonema importantíssimo de sua família. Ele foi muito mal atendido pela recepcionista. Ele foi então obrigado a chamarela de chata e nojenta.
Os pacientes tocavam a capainha e nunca eram atendidos naquele momento preciso.
Havia ali dois enfermeiros que eram até pessoas boas, os quais eu cito os nomes, o Zé Antônio e Paulo. Estes foram os mais educados e procuraram fazer o melhor para nós. Até tinha alguma das enfermeiras educadas também.
Pela manhã tomávamos um café simples com um pedaço de pão e alguns biscoitos. No almoço tinha uma miséria de comida, que era um pouquinho de arroz e um pouquinho de feijão também. A mistura, um dia era verdura e outro dia, um pedaço de frango em sopa com batatas.
Na hora da visita. Tudo era muito triste, de ver ali a família, os amigos e principalmente a namorada. Triste mesmo era de não poder ir embora com eles pra casa. Tinha que ficar ali trancado como se fosse um prisioneiro.
Havia ali do meu lado um amigo que também se chamava Sérgio, o meu chara. Tinha também um senhor de idade mais avançada que era o Sô Antônio e ele era bem animado. Ele contava para nós um pouco de sua vida, de suas lembranças passadas e com isso as horas ia se passando.
Nós andávamos pelos corredores para poder se distrair um pouquinho, até que os enfermeiros ou enfermeiras mal educados não achavam ruins. Nós teríamos que ficar preso no quarto mesmo. Mas na teimosia nós acabávamos se reunindo com o pessoal dos quartos vizinhos pelos corredores.
Minha namorada me trazia alguma coisa gostosa pra eu comer. Isso era muito bom. Mas a saudade de estar com ela lá fora era muito maior. Pois dava vontade de sair correndo e ir embora para vê-la. Eu só queria mesmo era me libertar daquele lugar horrível.
Um sujeito ali, por sinal, um cara legal. Ele tossia alto de mais. Ele paquerava ali uma loirinha que era muito bonita e boa pessoa, que até conversava conosco. Logo ela foi para casa. Este rapaz ficava então arrastando um papo furado. Que tinha beijado ela no quarto, e etc.
O médico que cuidava de mim disse que eu ia embora na sexta-feira. Fiquei então mais contente. Já era quinta-feira. Mas, se não fosse verdade, com certeza eu iria por conta própria.
Na quinta-feira ainda morreu um velhinho, que ficava ali num dos quartos próximo. À noite então acabei ficando muito cismado. Pois tinha visto quando os enfermeiros passaram empurrando o carrinho que estava o cadáver coberto por um lençol branco. Eles levaram para o necrotério do hospital. E o comentário corria solto. Todos falavam o mesmo assunto, que ali havia morrido um velhinho. Aquela noite foi a mais terrível. Ali naquela cama em que me repousava. Fiquei pensando; Quantos já poderiam ter morrido na cama em que eu estava. E nesta mesma noite tinha colocado ali em nosso quarto um novo paciente. Onde agora estava eu, o meu chara Sérgio, e aquele novo paciente. O senhor Antônio teve alto e foi se embora e agora não tivesse mais ele que nos alegravam com suas piadas.
Ainda bem que a minha cama ficava ao lado do corredor. Porque, sobre este novo paciente é que ele roncava muito alto. Além de roncar, ele gemia... Era também um velho idoso e o nome dele, por ser ressente não me recordo ainda. Ele era uma pessoa que não conversava de jeito nenhum. Ele também era meio surdo. A família dele então nem apareceu para trazer as suas roupas. Era um pobre coitado. Nós tentamos puxar assunto com ele. Mas ele além de surdo, Enem tinha posa.
Foi terrível a minha ultima noite naquele hospital.
Mas graças há Deus o dia brilhou. Era a sexta-feira chegada e até parecia que o dia estava mais lindo.
O médico me deu alta e tudo foi ótimo. O que foi ruim mesmo foi só o mau atendimento. Foi um alivio sair daquele hospital. E pelo que me parece há muitos piores por aí. Deus sabe.
Ainda depois de ter saído. Fiquei sabendo que a recepcionista não me passou um recado da minha namorada. Esta recepcionista pode continuar assim, sendo uma chata incompetente, como falou também o senhor Antônio. Um dia esta chata e sem caráter, quem sabe, ela acha o dela e aí vai ver que o orgulho não compensa. Que talvez, trabalhar de roupas brancas é muito bom, mas só pra quem merece. Porque tem muita gente por aí que necessita de trabalho. E tem muita gente educada e de muito respeito. É aí que o hospital tem que ver isso.
Esta foi uma história real acontecida que passou na vida deste autor e que aqui fica escrito para sempre.
Hoje ao corrigir esta historia neste dia 24 de fevereiro de 1997. Quero dizer que não pretendo magoar mais ninguém que foi um irresponsável. Mas quero deixar registrado o acontecido e dizer que muitos que não conheceram uma experiência como esta, que assim passe, a saber, o que é ficar internado. Quero dizer também que hoje penso que este hospital foi até muito bom para mim. Gostaria de divulgar esta historia que foi para mim uma experiência para meus conhecimentos da vida.
Hoje dia 15 de abril de 2010 retorno a avaliar esta história. E dizer que o hospital Santa Catarina já fechou faz muito tempo. A enfermeira com certeza deve ter saído ou vai se saber o que aconteceu com ela nesta vida. Só sei que aquele dia vai ser inesquecível. Que já fui internado novamente e também escrevi os maus e bons momentos passados. Que Deus abençoe a todos nós!

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