Lamentáveis fatos

Outro dia fiquei assustado quando observei o aumento do meu consumo de água. O aumento do consumo me deixou triste, mas realmente fiquei surpreso quando constatei o aumento do preço. Continuo amedrontado quando percebo que muitos ainda não aprenderam a fazer contas de reajustes de tarifas públicas e acabam transferindo o ônus para o povo. Agora quase morro de susto novamente com o carnê do IPTU. Caramba.... Subiu 30%. Vocês não acham muito não? Segundo o Ministro da Fazenda o Conselho Monetário Nacional decidiu manter a política de controle da inflação e a austeridade, anunciando a manutenção em 4,5% da meta de inflação para 2009 e 2010. Será que esse povo pensa que todo brasileiro é trouxa? Será que os responsáveis pelo aumento do IPTU da cidade das brisas não seguem políticas nacionais inflacionárias? Olha só: o índice acumulado da inflação medido pelo INPC-IBGE de janeiro a dezembro de 2009 foi de 4,1138%. O acumulado do IPC-FGV para o mesmo período foi de 3,9261% e o do ICV- Dieese foi de 4,0403%. (Fonte: 1ª Secretaria da CNTI na Região Sul - PR), como justificar esse aumento abusivo de 30%? Fico estarrecido e triste em saber que o desrespeito é muito grande. Quando um comerciante cobra preço abusivo de uma mercadoria a gente muda de loja e compra de outra. Essa é a tônica da política do mercado livre, da livre concorrência. Infelizmente o serviço público tem um só fornecedor e por isso não temos como mudar, temos que pagar e pronto. Reclamar onde? Na Cochinchina? Políticos visionários realmente não nos faltam aqui... Enxergam o dinheiro no bolso do povo e com diplomacia o retira acima dos limites da tolerância e da prudência, carreando para os cofres públicos para serem diluídos das mais diversas formas. Mudemos de assunto. Vamos para o centro do país onde o solo é mais fértil. Fatos tristes têm acontecidos no governo do Distrito Federal. É histórica a decisão do Superior Tribunal de Justiça de mandar prender preventivamente o governador de Brasília, José Roberto Arruda. É a primeira vez que um governador tem a prisão decretada em decorrência de um escândalo de corrupção após a redemocratização do país, em 1985. Outros haviam sido presos antes, mas na atual fase democrática Arruda é o primeiro acusado de corrupção e preso preventivamente. Ou seja, 1 dos 27 governadores brasileiros está passando as noites na cadeia, desde o dia 11 de fevereiro. Arruda está sendo acusado de obstruir o trabalho da Justiça, pois teria tentado subornar uma das testemunhas do caso conhecido como o mensalão do 'Democratas'. A prisão preventiva do governador tem efeito profilático. Não haverá, por óbvio, uma higienização completa e imediata da política. Mas trata-se de um sinal para todos os políticos: a Justiça está propensa a não tolerar mais certos tipos de comportamento. O importante, entretanto, foi a prisão ter acontecido. A inevitabilidade da punição inibe a prática do crime. Ninguém furta uma barra de chocolate no supermercado se tiver certeza de que pode ser apanhado e punido. Maus políticos envolvem-se em corrupção porque nunca vão para a cadeia. Esse fato é um divisor de águas, não tenhamos dúvida disso. Terá efeito radical sobre todos os outros políticos brasileiros. A partir de agora, todos sabem que, dependendo do abuso, podem parar dentro da cela de uma delegacia. A Justiça deu ontem uma lição aos políticos: qualquer um pode ir para a prisão na democracia brasileira. Sobre o caso, infelizmente tivemos que ler em manchete eletrônica a palavra do Presidente da República que dizia em tons mais ou menos idênticos: "não é bom para a política nacional que um governador tenha sido preso". Concordo plenamente com Vossa Excelência, mas o ilustre presidente precisa concordar comigo que, pior que isso é ver descaradamente um governador surrupiando dinheiro público e colocando nas meias. Isso sim depõe contra a Política e a Soberania Nacional. Louros para a Justiça brasileira que nos dá esperança de podermos contar com gente honesta e com excesso de brio no rosto.

Professor MSc. Manuel Ruiz Filho
manuel-ruiz@uol.com.br
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FONTE-JORNAL À CIDADE