Cigarro está associado a
diversas causas de infertilidade
O fumo pode
provocar diminuição de ovulação na mulher e aumento do número de gametas
defeituosos no homem
Dados publicados pela Sociedade Americana de Medicina
Reprodutiva (ASRM) apontam que homens e mulheres fumantes têm chance 3 vezes
maior de sofrerem de infertilidade quando comparados àqueles que não
fumam.
A fumaça do cigarro contém centenas de substâncias
tóxicas e radioativas que afetam a função reprodutiva em vários níveis, podendo
prejudicar a produção de espermatozoides, a motilidade tubária (importante para
a captação do óvulo que sai do ovário no momento da ovulação), a divisão das
células do embrião, a formação do blastocisto (embrião com mais de 100 células)
e a implantação.
Mulheres fumantes podem apresentar maior incidência de
irregularidade menstrual e amenorreia - falta de menstruação. Estudos indicam que a fertilidade é
reduzida em 25% nas mulheres que fumam até 20 cigarros ao dia, e 43% naquelas
que fumam mais de 20 cigarros, mostrando que o declínio da fertilidade tem
relação direta com a dose de nicotina absorvida pelo
organismo. Além disso, durante a gestação, o fumo pode aumentar a incidência de
placenta prévia (placenta baixa), descolamento prematuro da placenta e parto
prematuro.
De acordo com o Dr. Edilberto de Araújo Filho, do Centro
de Reprodução Humana de Rio Preto (CRH), o cigarro causa diversos prejuízos à
fertilidade feminina e o impacto na saúde dos ovários pode ser grande. "A mulher que fuma pode
apresentar comprometimento
folicular, alteração das características fisiológicas tubárias,
alteração nas taxas hormonais e interferência na gametogênese e fertilização,
além de revelar maior dificuldade na implantação do embrião, pois o endométrio
também sofre agressões", explica o médico.
Segundo a embriologista Lígia Fernanda Previato Araújo,
chefe de laboratório do CRH Rio Preto, a fertilidade masculina também é
prejudicada pelo cigarro, já que, com o aumento da oxidação causada pelo fumo,
ocorrem alterações significativas no potencial de fertilização do
espermatozoide. "O tabaco afeta
diretamente a formação dos espermatozoides, causando alterações na concentração,
morfologia, motilidade e,
principalmente, no DNA dos espermatozoides, danificando o gameta e, muitas
vezes, inviabilizando a fertilização.
Quando a fertilização ocorre, pode formar um embrião geneticamente
anormal e, nesse caso, o embrião não implanta ou, se implantar, o organismo vai
rejeitar, ocorrendo o aborto espontâneo", afirma Lígia.
Para o casal em tratamento, o fumo representa menor taxa
de fertilização, resultando em prejuízo nas taxas de nascimento e, muitas vezes,
obrigando o casal a se submeter ao dobro de tentativas de fertilização. Além disso, o cigarro diminui a
qualidade e quantidade de embriões por ciclo, fazendo com que a estimulação
ovariana precise ser prolongada em muitos casos.
Estatísticas
-Estudos atuais mostram que 13% da infertilidade
feminina pode ser atribuída ao cigarro;
-10 cigarros por dia já são o suficiente para prejudicar
a fertilidade;
-Mulheres tabagistas crônicas entrarão mais cedo na
menopausa (um a quatro anos antes), o que pode ser atribuído à aceleração da
diminuição do estoque de óvulos;
-O hábito de fumar está associado a um aumento no risco
de abortamento (aumenta em até 27%) e gravidez ectópica (gravidez nas
tubas);
-O cigarro na gravidez prejudica a fertilidade do filho
homem;
-Homens que fumam têm mais espermatozoides anormais que
os não fumantes e a porcentagem de espermatozoides anormais está diretamente
ligada ao número de cigarros fumados por dia;
-Fumantes passivos (tanto homens como mulheres) com
exposição excessiva ao cigarro também têm maior incidência de todas as
alterações descritas acima.
Tabagismo
interfere na visão e aumenta a probabilidade de doenças que causam
cegueira
O
tabagismo é considerado fator de risco na incidência e na evolução de uma série
de problemas oculares: Degeneração Macular Relacionada à Idade (DMRI), catarata,
glaucoma, Doença de Graves (causada por distúrbios hormonais da tireoide) e
doenças oclusivas venosas e arteriais.
O hábito de fumar aumenta em pelo menos duas
vezes o risco de desenvolver Degeneração Macular Relacionada à Idade, que é uma
das doenças que mais causam cegueira no mundo. Fumantes têm mais propensão à essa
degeneração, pois o cigarro acelera a oxidação do organismo e favorece o acúmulo
de substâncias nas camadas mais profundas da retina. Com a diminuição de mecanismos
antioxidantes, ocorre a "intoxicação" dessa parte do olho.
Esse problema se desenvolve a partir do
envelhecimento na parte da retina chamada mácula, que é diretamente ligada
ao sistema nervoso central, onde a visão é processada e são definidas as
formas, cores, rostos e leitura. "Toda a retina tem origem no tecido nervoso,
suas células não se regeneram nem se multiplicam. Por isso, é importante
preservá-las", afirma Dr. Cláudio Dalloul, especialista em retina e vítreo do
D'Olhos Hospital Dia de Rio Preto.
Estudos
também indicam que o tabagismo pode contribuir para o agravamento do
glaucoma. O
cigarro isoladamente não causa a doença, mas está associado a um maior risco de
piora da patologia. O
conjunto de fatores que causam má circulação sanguínea no corpo também podem
prejudicar a saúde do nervo óptico, pois, assim como em outras partes do corpo,
o nervo óptico recebe nutrientes e oxigênio pelo sistema vascular. “O cigarro
não eleva a pressão intraocular, mas pode prejudicar a circulação do nervo
óptico. Os efeitos de alterações
vasculares na evolução do glaucoma têm sido tema para muitas pesquisas", disse
Dr. Kássey Vasconcelos, especialista em glaucoma do D'Olhos Hospital Dia.
A fumaça do cigarro também tem efeito
irritativo na parte anterior do globo ocular, principalmente na conjuntiva e na
córnea. Isso faz com que as pessoas idosas - que produzem menos lágrimas -
sejam muito mais sensíveis e alérgicas.
O cigarro também piora quadros de síndrome do olho seco,
alergias oculares e promove desconforto àqueles que usam lentes de
contato.
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