VOTUPORANGA-SP / MARÇO DE 2024
RESPONSÁVEL: Sérgio Gibim Ortega
CONTATO: poetagibim@hotmail.com

quinta-feira, 9 de maio de 2013

CAIXÃO RUIM PARA QUEM NÃO PODE PAGAR

Quem não tem condições de pagar por serviços funerários (desde a preparação do corpo, velório e enterro), pode solicitar que os trabalhos sejam gratuitos. Entretanto, o que foi oferecido para duas famílias da cidade, em menos de uma semana, não agradou os parentes.
Na semana passada, uma família perdeu dois entes queridos. Em ambos os casos, não existiam condições deles pagarem os serviços: no primeiro, um empresário arcou com as despesas; já no de outro, ao saberem sobre o serviço gratuito por parte da funerária, optaram por parcelar a dívida e pagarem juntos.

COMENTÁRIO DO POETA GIBIM 
     A mais de 20 anos, quanto perdi um filho que nasceu natimorto. Ao entrar numa funerária de cidade de Votuporanga, quando a famosa época era ainda pobre e tinha uma porta só na empresa que estava começando.

       Senti também humilhado quando um vendedor de caixões me rebaixou dizendo que o caixão gratuito era para indigente, me vendendo assim um caixãozinho bom para enterrar meu primeiro fillinho. Pois assinava eu uma promissória rasurada da funerária e me submetia ao vendedor que me subornava nas tristes horas.


     Nos dias que se passaram, ao consultar a Lei, voltei a funerária sem condições financeiras. Pois já divulgava já poesias na época no rádio, e disse a eles que iria denunciar no rádio por eles ter me obrigado a comprar o caixão sem minhas condições financeiras atuais.

     O senhor que atendia naquela tristre hora, fez 200 cruzeiros na epoca então, condições que pude pagar. Este vendedor responsável e sozinho ali no momento, saiu da funerária com uma perua combi velha, e foi buscar a nota promissória rasurada que eu havia assinada. Não sei onde ele foi buscar a nota escondita. Pois daquela época não se esqueci jamais.

     Ao trabalhar no cemitério desta cidade a muitos anos depois, descobri que não adianta conforto na morte, pois as covas de dois filhinhos que já tinha perdido. Havia outros anjinhos enterrados no mesmo lugar. Pois nem a pequena sepultura pude comprar, e foi arrancada após três anos.

     Ao longo dos anos já não existiam mais nada, nem ossos de uma criança, conforme me confortou o coveiro ao estar trabalhando lá.

     Com orgulho  da experiência trabalhando lá, só do lugar enterrado era que me lembrava.

     Dos adultos aprendi que quando tira os cadáveres pra enterrar outro no lugar, porque não comprei aquele pedaço de chão, o lugar, ossos são jogados em um único poço fundo do cemitério. Mas meus anjinhos ficaram ali mesmo na terra aonde colocados. Portanto ao estar ali, me conforto sabendo que todos permanecem ali misturados uns aos outros. Foi ai que tive a idéia também do livro "A EXPERIÊNCIA DE TRABALHAR NUM CEMITÉRIO". escrevi o livro para confortar as  pessoas dos acontecimentos ali.

    Portanto quando estou num cemitério, não importa aonde esteja os amigos e entes queridos. Saberei que ali todos nós estaremos um dia.
 
     Pois aqui quem mau faz aos outros, não percebe que paga aqui mesmo. Pois descobrira também trabalhando naquele cemitério, que havia ali numa catacumba chique o filho também do dono da tal funerária enterrado e, percebi que aqui somos todos iguais nesta Terra. Não adianta tentar passar os outros para trás. Aqui somos todos iguais.

     Segundo a funerária da época que não era ainda rica, os caixões para quem não podia pagar, seria de papelão, tipo para indigentes.

    Vendo a notícia no Jornal à Cidade agora, relembrei do meu triste passado. E falo isso também esperando confortar essas famílias. Deus os conforte! E não liguem para o caixão pobre. Somos do pó, e ao pó voltaremos

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