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quarta-feira, 4 de maio de 2011

Nossa moderna “incivilidade”


Carlos Lúcio Gontijo
Não é preciso mais estar em seu próprio território para uma nação declarar guerra a outro país. Obama, presidente norte-americano, estava no Brasil e, entre um drinque e outro nos convescotes que lhe programaram junto ao governo brasileiro, ordenou o ataque de suas forças militares à Líbia, com o objetivo de desancar do poder o ditador Kadafi, que por algum tempo chegou a ser homem de confiança do Ocidente desorientado e guiado tão-somente por interesses econômicos.
Depois, não demorou muito, e lá estava Obama abrindo espaço na mídia mundial para anunciar (e comemorar) a morte do terrorista Bin Laden, elevado à condição de inimigo número um da nação mais poderosa do maltratado e devastado planeta Terra. E o interessante de tudo é que a nossa moderna “incivilidade” festejava casamento de príncipe na Inglaterra e, sem pestanejar, mergulhou na morte de Bin Laden comemorada pelos norte-americanos à moda de qualquer grupo humano da era das cavernas, na base do olho por olho, dente por dente.
Mais adiante, deparamo-nos com a subida da popularidade de Obama nas pesquisas, com o mandatário da nação que se coloca como xerife do mundo ungindo no sangue do inimigo declarado a sua pretensão de se reeleger, quando a mesma se lhe apresentava sob sérios riscos de não acontecer. Todavia, essa notória violência de Estado da qual falamos pode ser detectada em todos os países do mundo, uma vez que ela se dá de maneira variada e embebida em cruéis sutilezas.
No Brasil, por exemplo, a violência oficialmente praticada se estende desde a impunidade a crimes de corrupção praticados por agentes públicos legalmente constituídos, passando pela falta de democratização do acesso a ensino de qualidade, pela precariedade do transporte oferecido às grandes massas, pelo simulacro de moradia habitada pelas camadas menos favorecidas e pela deficiência na assistência médico-hospitalar aos que podem contar apenas com o socorro da rede pública de saúde.
Afirmamos, sem medo algum de incorrer em equívoco explícito, que se situa na questão da saúde o maior drama experimentado pelos brasileiros, pois os pobres costumam se virar de alguma forma na luta pela sobrevivência, mas não o podem fazer quando são atingidos por doenças, moléstias, endemias ou graves acidentes que lhes impedem o trabalho suado e mal remunerado que lhes garante o sustento.
Quase nada do que nos rodeia escapa da moderna incivilidade, que erigiu um tempo em que se tornou comum os pais sepultarem seus filhos ceifados pela droga fartamente oferecida nas esquinas, em meio às vitrines iluminadas pelo neon da hipocrisia e ideologias que se alimentam de si mesmas, pois que escassas de verdadeira procura de soluções, as quais exigem o efetivo exercício do amor ao próximo proclamado (e praticado) por Jesus Cristo, filho de Deus, que não se fez de rogado quando a audácia dos vendilhões do templo lhe obrigaram ao uso do chicote no lugar das palavras.
Enfim, a triste constatação é que, enquanto estivermos assistindo ao digladiar de bandidos e mocinhos de ocasião ou nos entregarmos a matrimoniais contos de fadas monárquicos, continuaremos a ver as riquezas e especiarias com que a natureza e a força de trabalho de todos os homens e mulheres abasteceram (e abastecem) a Terra sendo carreadas para as privilegiadas e excludentes mãos de sempre.
Carlos Lúcio Gontijo
Poeta, escritor e jornalista

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